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Atração de emigrantes e lusodescendentes para o ensino superior português, por Professora Doutora Sofia Gomes

Artigo de Opinião publicado no semanário Vida Económica

Se nos anos 60 e 70 assistimos a uma forte vaga de emigração dos nossos portugueses para os denominados "mercados da saudade", hoje assistimos à forte sensibilização por parte do Governo e das instituições de ensino junto dos filhos dos então emigrantes (lusodescendentes) para voltarem a estudar em Portugal e, mais concretamente, para ingressarem no ensino superior português.

Podemos enumerar várias ações de sensibilização: as "Jornadas Estudar e Investigar em Portugal 2019" que se iniciaram em março no Luxemburgo e continuaram pela Suíça, Alemanha, França, Bélgica, Estados Unidos da América, África do Sul, junto das comunidades portuguesas com objetivo de divulgar as oportunidades de ingresso e frequência no ensino superior; o aumento de vagas no concurso nacional de acesso reservados aos emigrantes e lusodescendentes; o Programa Regressar, aprovado pelo Governo com medidas de incentivo fiscal, incentivo à mobilidade e ao investimento para os emigrantes que regressem a Portugal em 2019 e 2020; a redução do propinas das propinas, entre outros.
Nas várias sessões de esclarecimentos realizadas pela comitiva do Governo, muitas são as questões colocadas pelos emigrantes e lusodescendentes sobre o acesso ao ensino superior e poucas são as respostas assertivas. Na sua maioria, os jovens lusodescendentes demonstram pouco interesse sobre Portugal e têm fracos conhecimentos da língua portuguesa que, se não falada em ambiente familiar, não foi aprendida pelas terceiras e quartas gerações de emigrantes portugueses. Desta forma, o sentido de pertença, a valorização de Portugal, o orgulho e vontade de regressar existente nas primeiras e segundas gerações de emigrações, vão-se esbatendo nos lusodescendentes das gerações seguintes.
Assim, o Governo tem de fazer muito, mas muito mais, mostrar de forma clara e assertiva as possibilidades de acesso ao ensino superior público, mas também ao ensino superior privado, que apresenta condições muito mais vantajosas e adequadas ao perfil dos emigrantes e dos lusodescendentes. Mas para tal é necessário que, o reconhecimento das habilitações literárias adquiridas a nível europeu e internacional sejam reconhecidas e validas de uma forma mais célere, incentivando à maior procura dos emigrantes pelo ensino português, em vez da elevada carga administrativa e burocrática, ser um bloqueio à entrada. Incentivem a utilização da língua portuguesa nos "mercados da saudade", criem verdadeiras condições para os emigrantes regressarem, "vendam" cada vez mais Portugal lá fora, na sua essência e originalidade. E sim, há muito mais a fazer e os nossos emigrantes e lusodescentes mercem!