Polímata - Os trabalhadores mais procurados por Professora Doutora Sofia Gomes
Artigo de Opinião
Professora Doutora Sofia Gomes fala sobre "Polímata - Os trabalhadores mais procurados", no seu artigo de opinião publicado no semanário Vida Económica.
Nos últimos anos tem havido uma grande procura por cursos superiores, ao nível das licenciaturas e mestrados, na área das engenharias e programação. A instalação de algumas grandes empresas e promessa de umas outras tantas que procuram este tipo de mão de obra especializada aumentou ainda mais esta febre. São profissionais com características técnicas muito assertivas, mas hiperespecializados na sua área de estudos. Os nossos jovens confiantes na reputação e saídas profissionais, acreditam que ao optarem por formações nestas áreas terão um emprego garantido e um futuro brilhante, não carecendo de formação contínua e diversificada.
Mas desenganem-se porque os trabalhadores mais procurados e, como tal, mais valiosos serão os polímatas, de acordo com estudo realizado pela espanhola Deusto Business School e pela empresa de inovação 3M (2017).
Afinal, quem são os polímatas? Os polímatas são pessoas que dominam várias áreas do saber, sem estarem especializadas em nenhuma em concreto. Pessoas que, simultaneamente, têm conhecimentos técnicos e conseguem captar as necessidades das empresas e dos seus clientes, ou seja, colaboradores que sejam "pau para toda a colher". A globalização crescente, as mudanças económicas, financeiras, sociais, culturais, entre outras, exigem uma necessidade de inovação contínua, condição essencial para qualquer empresa ser bem sucedida. Cada vez mais o foco deixa de ser o produto/serviço para ser o cliente e, como tal, são exigidos colaboradores com conhecimentos diversificados, que saibam lidar com todo o tipo de perfis de clientes e que, no final, consigam fechar a operação (uma venda, uma fidelização, uma recomendação, entre outras).
Ninguém nasce polímata! A formação executiva, tal como os MBA, as pós-graduações e os cursos de especialização têm um papel fundamental na formação dos polímatas. A diversidade de áreas de estudo, o ensino profissionalizante, o contacto com docentes e colegas especialistas nas matérias abordadas, a rede de networking proporcionada, a participação em palestras, seminários e workshops temáticos e experienciais, alimentam o perfil mais procurado pelo mercado de trabalho. Os polímatas, além de conhecimentos diversificados em várias áreas, adquirem competências ao nível da liderança, da comunicação, do trabalho em equipa, entre outras.
As empresas devem efetuar regulares levantamentos de necessidades de formação dos seus colaboradores, deixando de se centrarem no limiar básico das formações e orientando-as para as matérias mais diversificadas, de forma a complementar o curriculum de cada um dos colaboradores e o adaptar às sucessivas mudanças diárias das organizações. Só com colaboradores preparados para lutarem em várias frentes, munidos de ferramentas para tempos de abundância mas também de crise, é que as organizações evoluem.