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"Transformação digital: go digital or go home" por Professor Bruno Miguel Vieira

Artigo de Opinião publicado no semanário Vida Económica

"Go digital or go home" é uma afirmação da autoria de John Chambers, ex-presidente executivo e CEO da Cisco System, que prolifera pela internet gerando opiniões de diversa índole, mas que normalmente têm um denominador comum: o facto inegável de que a transformação digital está aí, veio para ficar e já é um fator decisivo na sustentabilidade das empresas. Usando este pressuposto como ponto de partida, é imperativo que, ao nível da gestão empresarial, algumas reflexões se imponham, nomeadamente: Estarão as empresas portuguesas a acompanhar a transformação digital? Estará este acompanhamento a ser realizado devidamente? Em analogia a um clássico da banda desenhada, estaremos a comportar-nos como o porquinho mais novo, e a nossa estratégia voará ao primeiro sopro, ou como o porquinho mais velho, e não haverá qualquer sopro que abale a nossa estrutura? Será assim tão importante ter uma estratégia de transformação digital? Sendo inegável que as empresas são o que as pessoas fazem delas, esta questão terá de ser colocada também individualmente, ou seja, estarão os recursos humanos preparados para acompanhar esta transformação tão necessária e premente para as empresas? Felizmente, já conseguimos ter alguns indicadores que nos ajudam a dar resposta a algumas destas questões, já que em finais de 2017, no âmbito da 2ª edição do Beyond - Portugal Digital Revolutions, foi anunciado o lançamento do Observatório de Impacto Digital EY/Nova, o primeiro em Portugal e neste âmbito, foi, recentemente, publicado um estudo intitulado "Estudo de Maturidade das empresas portuguesas". Apesar de apresentar algumas limitações, uma vez que a sua amostra apresenta pouca representatividade das pequenas e médias empresas, que são cerca de 99,9% do tecido empresarial em Portugal, não podemos deixar de retirar algumas ilações importantes. Entre algumas das conclusões deste estudo, destaca-se "um otimismo generalizado" com as empresas a assumirem-se bem posicionados nos seus processos e poucas são as que admitem estar atrasadas face aos concorrentes, provavelmente porque não estão a considerar o conceito think local act global e apenas se comparam aos concorrentes nacionais. Verifica-se uma confiança elevada no trabalho realizado, no entanto, apesar de algumas empresas apostarem em todos os aspetos da transformação digital, dando indícios de alguma "maturidade", não o fazem de forma estruturada e orientada para suprir as necessidades do seu negócio, revelando "uma certa imaturidade". Em termos gerais, constata-se que o nível ideal de maturação, em matéria de transformação digital, ainda não foi atingido, mas estamos a caminhar nesse sentido, o que se revela verdadeiramente positivo. No que toca aos recursos humanos, quando há uma década se exigia que possuíssem conhecimentos nas TIC, atualmente é-lhes exigido que esses conhecimentos sejam mais abrangentes abarcando uma forte vertente digital. Assim poderão evitar-se falhas, como a que aconteceu não há muito tempo, em que um funcionário de uma famosa estação televisiva, por lapso ou inabilidade, comentou, com o perfil da empresa, de forma depreciativa um vídeo de um conhecido Youtuber onde este vaticinava o fim da internet, facto que obrigou um pedido público de desculpas por parte da estação televisiva. Em suma, se por um lado, as empresas devem ter uma estratégia muito bem definida no que diz respeito à transformação digital, por outro lado, os recursos humanos devem apostar cada vez mais em formação especializada nessa vertente, sabendo que já é e continuará a ser um requisito importante no processo de recrutamento, redimensionando o conceito de "go digital or go home"!